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A Sociedade do Espetáculo e o Fyre Festival

Eu não sabia o que era o Fyre Festival.
Aí eu vi esse trailer:

Curioso que sou, corri para Netflix pra assistir o bendito documentário Fyre Festival - Fiasco no Caribe e estou meio abobado até agora...

Se você já assistiu ao documentário VIPS - Histórias reais de um mentiroso (link do Youtube) talvez tenha o mesmo sentimento que eu tive ao assistir. Eu não conseguia desligar a imagem de Billy McFarland, que levou ao fiasco do Fyre Festival, da figura de Marcelo Nascimento da Rocha, que enganou emissoras de TV, empresas de aviação e de ônibus interurbanos, empresários e pessoas comuns no Brasil.

Mas o que foi o Fyre Festival? 

Uma promessa de uma grande festa sem paralelos, com a melhor música, os melhores alimentos, o melhor design e hospitalidade em Exumas - uma das ilhas das Bahamas.
O vídeo promocional oficial é perfeito pra gente ter uma ideia
Influenciadores digitais, modelos e artistas diversos foram pagos para divulgar o Festival nas redes sociais, sendo que nada do planejamento ou estrutura da festa estava planeja ou existia. A estimativa dos investigadores estadunidenses é que mais de US$ 5 milhões foram gastos na promoção do evento.

Os ingressos iam de mil a cem mil dólares com ofertas de acomodações luxuosas e tratamento vip. 

O que as pessoas encontraram em 28 de Abril de 2017 foi um desastre em todos os aspectos: sem acomodações de luxo, mas somente tendas utilizadas por refugiados e colchões no chão; armários espalhados ao ar livre, malas sem identificação de seus donos jogadas por caminhões, falta de iluminação, falta de alimentos para todos, falta de seguranças e funcionários, entre outros pontos.

Caso se interesse por ver o o documentário há pontos que acho importantes pra pensar.

  • O uso das redes sociais pra criar a imagem de um Festival inexistente foi impressionante e exige que a gente pense sobre a realidade modificada que as redes nos apresentam.
  • A oferta de um evento exclusivo e luxuoso mobilizou jovens dispostos a gastar centenas de milhares de dólares, que literalmente surtaram com o que vivenciaram.
  • A megalomania de Billy McFarland conseguiu convencer investidores norte-americanos, empresários e trabalhadores das Bahamas a entrarem no projeto, o que afetou praticamente toda a população da ilha - os quais não receberam até hoje por seu trabalho.
  • As mesmas redes sociais que levaram ao engôdo do evento permitiram que o fiasco fosse denunciado em tempo real.
Enfim, considero a experiência de ver esse documentário válida/inusitada.
Recomendo.

Abraços a quem lê

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