Copérnico publicou, em agonia, o livro que fundou a astronomia moderna.
Três séculos antes, os cientistas árabes Muhayad al-Urdi e Nasir al-Tusi tinham gerado teoremas que foram importantes no desenvolvimento dessa obra. Copérnico usou-os, mas não os citou.
A Europa via o mundo olhando-se no espelho.
Além dela, o nada.
As três invenções que tornaram possível o Renascimento, a bússola, a pólvora e a imprensa, vinham da China. Os babilônios tinham anunciado Pitágoras com mil e quinhentos anos de antecipação. Muitos antes que qualquer um, os hindus tinham sabido que a terra era redonda e haviam calculado a idade dela. E muito mais que ninguém, os maias haviam conhecido as estrelas, os olhos da noite, e os mistérios do tempo.
Esses detalhes não eram dignos de atenção.
(Do Livro: Espelhos - uma história quase universal de Eduardo Galeano)
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